A vereadora Renata Falzoni (PSB) presidiu, em 13/6, a Audiência Pública que tratou dos impactos ambientais e à saúde causados pela fábrica da empresa Saint Gobain, localizada em Santo Amaro, na zona sul da capital paulista.O debate foi realizado no âmbito da Comissão de Trânsito, Transporte e Atividade Econômica da Câmara Municipal de São Paulo, a partir de uma solicitação apresentada pelo mandato.
Na abertura, Renata informou uma conquista parcial: a empresa, por ordem judicial, havia paralisado parte da produção.
Durante a audiência, moradores da região relataram problemas relacionados à poluição atmosférica e sonora provocadas pela indústria, que atua na produção de materiais para isolamento térmico e acústico. Segundo os relatos, a operação da fábrica, que ocorre inclusive durante a madrugada, libera fumaça densa e odor intenso por meio de suas chaminés, comprometendo a saúde e a qualidade de vida da população vizinha.
“Esse problema precisa ser solucionado. A empresa deve atender à solicitação da Cetesb: transferir a unidade para um local menos adensado, com maior dispersão de poluentes e, mesmo assim, manter controle rigoroso sobre as emissões”, afirmou a vereadora Renata Falzoni.
Relatos da população
Lilian Lira, representante do movimento Respira Santo Amaro, apresentou registros fotográficos e depoimentos de moradores afetados. Segundo ela, a situação é insustentável para quem vive próximo à planta industrial. “A fumaça não é vapor d’água, é carregada de poluentes. Não conseguimos nem abrir as janelas por causa do cheiro forte. É um terror”, afirmou.
A moradora Any Luna, que vive com a família em um condomínio recém-inaugurado em frente à fábrica, também compartilhou sua experiência. “Minhas filhas vivem com rinite atacada, meu marido não para de tossir. O cheiro é insuportável e invade os ambientes, mesmo com tudo fechado. Pagamos por uma área de lazer que simplesmente não conseguimos usar.”
Atuação da Cetesb
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) acompanha a situação desde 2023, após receber uma petição dos moradores solicitando a suspensão das emissões. Desde então, a empresa já recebeu multas e advertências por emissão irregular de odores e ruídos. O diretor-presidente da Cetesb, Thomaz Miazaki de Toledo, participou do encontro de forma online.
“As reclamações aumentaram significativamente no último ano, o que indica um problema na operação da empresa. Houve concordância para o descomissionamento da planta e a transferência da unidade para outro local. A principal exigência atual é o fim da emissão de odores”, explicou.
Subprefeitura e ausência da empresa
Também por videoconferência, o subprefeito de Santo Amaro, Silvio Rocha de Oliveira Júnior, afirmou que todas as licenças da empresa estão em dia, mas reconheceu os impactos relatados. “Visitei a fábrica, estive com a Cetesb e com os moradores para entender melhor a situação e buscar soluções para os problemas ambientais”.
A Saint Gobain não enviou representantes para a audiência, mas encaminhou uma nota à Câmara. No comunicado, o grupo Isover informou que “não foi possível viabilizar a participação de um representante da empresa” e declarou estar à disposição para esclarecimentos técnicos.
Ainda segundo a nota, a empresa está executando um Plano de Melhoria Ambiental com 61 ações – das quais 60 já foram concluídas. Sobre as queixas de odor, informou que está adotando uma nova resina para minimizar o problema, em alinhamento com a Cetesb. A empresa também afirmou que suas operações estão em conformidade com os parâmetros estabelecidos pelos órgãos ambientais e que continuará atuando com transparência.

